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Ocorre at o dia 30 de janeiro de 2020 a 1 Bienal Black Brazil Art, com edies em Porto Alegre, Florianpolis e Curitiba. Na ltima sexta-feira, dia 29 de novembro, uma atividade paralela dedicou-se a falar sobre as mulheres negras nas artes, no Museu da Comunicao, em Porto Alegre. A mesa A arte negra apenas para o pblico negro foi mediada por Malena Mendes, graduada em Histria da Arte pela UFRGS, e entre as convidadas estavam as artistas Izis Abreu, Aline Gonales e Mayara Mendes.
Apesar do pequeno pblico, a conversa foi marcada por trocas de ideias e vivncia das artistas. Malena Mendes, que trabalha na Pinacoteca Ruben Berta, contou que recebe poucas crianas negras na visitas de escolas particulares. Certa vez, uma criana negra ficou impactada com a presena dela ali no museu.
Logo que ela me viu, perguntou se eu trabalhava no museu. Quando afirmei que sim, ela me olhou e disse quando crescer quero ser igual a tu, contou. Malena afirmou que so esses tipos de atitude que fazem com que ela no desista da caminhada contra o preconceito.
Apesar de termos dias difceis, sei que somos exemplos para outras pessoas, por isso no podemos desistir, destacou.Quando a roda de conversa foi aberta para as artistas, Mayara Gomes foi a primeira relatar sua experincia. Ela formanda em licenciatura em Artes Visuais pela Universidade de Ponta Grossa, no Paran, e tambm relatou uma experincia que teve com crianas.
A estudante estava realizando um estgio em uma exposio, que tinha obras de artistas negras, e em um certo dia, recebeu alunos de uma escola perifrica, na qual 80% dos alunos eram negros, entre 6 e 7 anos de idade.Mayara contou que quando as crianas entram na exposio, ela realiza uma atividade educativa falando sobre princesas. Quando abri o livro e mostrei para eles uma princesa negra, uma menina que estava no meu lado, tambm negra, falou na hora que aquela princesa era feia.
Isso me causou um choque, contou. Questionando as demais crianas do porqu a princesa negra era feia, um menino tambm negro olhou para Mayara e disse: Ah, professora, acho que porque ela preta mesmo. Na conversa, Mayara questionou-se sobre como dialogar com uma criana negra, que ainda est construindo a fala do que o racismo e porque eles precisam lutar por essa causa.
Acho muito importante a gente se empoderar nos lugares. Quando surgiu a ideia da Bienal, tinha certeza de que era meu momento, argumentou.Aline Gonalves, publicitria formada pela Unisinos, comentou que falar sobre a negritude visto como um momento de transio.
Esse trabalho realizado est sendo incrvel e de muita coragem em trazer uma Bienal assim para o Sul do Brasil, comentou. Para ela, essa exposio que traz trabalhos de mulheres negras, est colocando em nfase todo o talento dessas mulheres. Ns negras sabemos como difcil enfrentar o preconceito dirio, e muitas vezes ficamos de cara com esse mito da democracia racial, que sabemos que no existe.
Aline destacou que, apesar de acreditar que as coisas esto melhorando, ainda um processo que est engatinhando, porm est muito melhor do que j foi um dia. Precisamos reconhecer as nossas potencialidades, por parte de professores nas artes, curadores e no s artistas. Para que toda comunidade negra seja digna de reconhecimento, finalizou Aline.
Izis Abreu, bacharel em Histria da Arte tambm pela UFRGS, trabalha no MARGS e relatou suas experincias. Eu sou uma mulher negra e no posso pensar sobre outras coisas enquanto o preconceito vive.As artistas finalizaram o evento comentando sobre a importncia desses encontros negros, para falarem de suas dores e vivncias.
Entre algumas lgrimas, Malena terminou falando sobre a Bienal Black Art. No s a exposio em si, mas a importncia de se criar eventos paralelos, como essa roda de conversa, onde pessoas podem falar e ouvir sobre a negritude, complementando todo o sentido em que a exposio est trazendo.A Bienal est dando prioridade para essas mulheres nas exposies e rompendo barreiras nas artes visuais.
Aqui em Porto Alegre, a mostra esteve em exposio no Centro Cultural CEEE rico Verssimo, at o dia 29 de novembro, e agora segue para o Memorial do RS, no Museu de Comunicao Social Hiplito Jos da Costa, na Casa de Cultura Mario Quintana e no Museu da UFRGS.