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A educao transforma a vida de um povo e dos indivduos que o compem, os obstculos para esse ideal se concretizar no so poucos. Como o gosto pelo amplo conhecimento pode se afirmar no mundo acelerado e ultra especializado que vivemos?Esta foi a descrio da mesa em que Ana Maria Machado, escritora de mais de uma centena de livros, membra da Academia Brasileira de Letras e premiada com o nobel da literatura infantil; Nuccio Ordine, professor de vrias universidades do mundo, editor e colaborador de jornais e escritor do livro A utilidade do intil, livro este que pano de fundo para o tema a ser discutido na mesa; Marco Lucchesi, escritor de fico e poesia, ensasta, ganhador do prmio jabuti e possui obras traduzidas para diversas lnguas.
A primeira a falar foi Ana Maria Machado, que conta que sua educao comea com seus avs que no possuam educao formal, seu av paterno foi imigrante portugus, seu av materno era filho de lavradores no norte do Esprito Santo, e foi ele que percebeu que estudar era a possibilidade de ultrapassar os limites da vida, segundo a autora. E assim se tornou o primeiro reitor da Universidade Federal do Esprito Santo, escreveu dois livros. Maria Machado que sua orientao para ler foi feita pelo exemplo.
O autor do livro que nomeia a mesa, Nuccio Ordine, conta que sua histria contrria a de Ana Maria Machado, pois em sua cidade natal, no interior da Itlia, no haviam livros, muito menos biblioteca, teatro e cinema. O seu encontro com a cultura se deu na na escola, segundo o autor, o encontro com os professores pode mudar a vida e no h mais condies para escrever esse livro porque as universidades no so mais feitas para mudar a vida dos universitrios.Ao encontrar com o livro e com a palavra, Nuccio acredita que os livros no servem para superar uma prova da faculdade, no serve para que se consiga o diploma, o livro serve porque ele nos ensina a viver, ele serve porque faz com que ns nos tornemos melhores, eles [os livros] servem porque fazem com que a humanidade seja mais humana.
O que til e o que intil?, pergunta o autor, na nossa sociedade, para se saber quem intil e quem til preciso olhar para o balano do governo e onde esto seus cortes. Nuccio diz que hoje s til o que produz dinheiro, meu livro quer mostrar que a humanidade tem mais necessidade de literatura, da filosofia, da arte e de todas aquelas coisas que no produzem dinheiro, mas faz com que nos tornemos melhores.
Marco inicia sua fala dizendo que perdemos o ideal utopista, de pensar em nossas aes como uma forma de mudar a nossa realidade. Crtica ferozmente a perseguio aos marxistas e diz que o futuro o que se pode ter em comum, sonhar, atravs da literatura. Prope que tenhamos grandes prises, mas que essas prises sejam grandes bibliotecas e que o prisioneiro abra as portas da biblioteca e diga: venha ler.
Nuccio volta a falar, acredita que hoje a universidade se tornou uma grande empresa, onde o estudante se tornou um cliente. O que no se compreende que no podemos prever o futuro sem conhecermos o passado, afirma o autor. Crtica a grande influncia da economia na universidade, exemplifica sua interveno com a nomenclatura que so as mais utilizadas nas universidades: crdito e dvida.
Utiliza a nomenclatura de algumas palavras para mostrar como elas foram deturpadas com o passar dos tempos, diz que a palavra cultura era aquilo que os pais nos deixaram, segundo o autor, a palavra patrimnio, por exemplo, virou dinheiro, mas pensaram num bem que os pais deixaram aos filhos.A arte e a literatura andam juntas, segundo Nuccio, a primeira nica e irreproduzvel, a segunda no precisa ser estudada para as provas, ela precisa ser estudada porque ela ensina a viver. Leia mais do Especial Bienal do LivroPrimeiras impresses da Bienal do Livro RioDicas considerveis sobre esta edio de na Bienal Internacional do Livro Rio 2017 Especial Bienal do Rio 2017A relao das mulheres com a escrita vem de um longo perodo, com Jane Austen, Virginia Woolf, Simone de lugar dos e-books numa Feira Internacional de LivrosE um caloroso recado de Affonso Solano para vocs!
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